Prima Julieta
Prima Julieta irradiava um fascínio
singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e
já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois
anos de idade.
Apenas
pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Virgílio de outra mulher.
Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os
belos braços brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas.
Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois
planos: voz de pessoa da alta sociedade.
MENDES,
M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.
Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o
modo como se organiza a própria composição textual, tendo-se em vista o
objetivo de seu autor: narrar, descrever, argumentar, explicar, instruir. No
trecho, reconhece-se uma sequência textual
a) explicativa, em que se expõem informações
objetivas referentes à prima Julieta.
b) instrucional, em que se ensina o
comportamento feminino, inspirado em prima Julieta.
c) narrativa, em que se contam fatos que, no
decorrer do tempo, envolvem prima Julieta.
d) descritiva, em que se constrói a imagem de
prima Julieta a partir do que os sentidos do enunciador captam.
e) argumentativa, em que se defende a opinião
do enunciador sobre prima Julieta, buscando-se a adesão do leitor a essas
ideias.
Questão 02 - (ENEM/2010)
Texto I
XLI
Ouvia:
Que não podia odiar
E nem temer
Porque tu eras eu.
E como seria
Odiar a mim mesma
E a mim mesma temer.
HILST,
H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento).
Texto II
Transforma-se o amador na cousa amada
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Camões.
Sonetos. Disponível em:
http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de
Camões, a temática comum é
a) o “outro” transformado no próprio eu lírico,
o que se realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres em um só.
b) a fusão do “outro” com o eu lírico, havendo,
nos versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que odeia a si mesmo.
c) o “outro” que se confunde com o eu lírico,
verificando- se, porém, nos versos de Camões, certa resistência do ser amado.
d) a dissociação entre o “outro” e o eu lírico,
porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a realização concreta.
e) o “outro” que se associa ao eu lírico, sendo
tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor.
TEXTO: 1 - Comuns às
questões: 03 e 04
Tampe
a panela
Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas
a ciência explica como é possível ser um cidadão ecossustentável adotando o
simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o macarrão ou para
o cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, da USP, a cada minuto que a
água ferve em uma panela sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com
o vapor, vão embora 11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP,
aquele gás utilizado no botijão de cozinha, é de 11 mil calorias por grama,
será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a mesma quantidade
de água. Isso pode não parecer nada para você ou para um botijão de 13 quilos,
mas imagine o potencial de devastação que um cafezinho despretensioso e sem os
devidos cuidados pode provocar em uma população como a do Brasil: 54,6
toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da água, considerando
que cada família brasileira faça um cafezinho por dia. Ou 4 200 botijões
desperdiçados.
Superinteressante. São Paulo:
Abril, n° 247, dez. 2007.
Questão 03 - (ENEM/2010)
Segundo o físico da USP, Cláudio Furukawa, é possível
ser um cidadão ecossustentável adotando atos simples. É um argumento utilizado
pelo físico, para sustentar a ideia de que podemos contribuir para melhorar a
qualidade de vida no planeta,
a) tampar a panela para a comida não esfriar,
seguindo os conselhos da mãe.
b) reduzir a quantidade de calorias, fervendo a
água em recipientes tampados.
c) analisar o calor do GLP, enquanto a água
estiver em processo de ebulição.
d) aquecer líquidos utilizando os botijões de
13 quilos, pois consomem menos.
e) diminuir a chama do fogão, para aquecer
quantidades maiores de líquido.
Questão 04 - (ENEM/2010)
O contato com textos exercita a capacidade de
reconhecer os fins para os quais este ou aquele texto é produzido. Esse texto
tem por finalidade
a) apresentar um conteúdo de natureza
científica.
b) divulgar informações da vida pessoal do
pesquisador.
c) anunciar um determinado tipo de botijão de
gás.
d) solicitar soluções para os problemas
apresentados.
e) instruir o leitor sobre
como utilizar corretamente o botijão.
Questão 05 -
(ENEM/2010)
As doze cores do vermelho
Você volta para casa depois de ter ido jantar com sua
amiga dos olhos verdes. Verdes. Às vezes quando você sai do escritório você
quer se distrair um pouco. Você não suporta mais tem seu trabalho de
desenhista. Cópias plantas réguas milímetros nanquim compasso 360º. de cercado
cerco. Antes de dormir você quer estudar para a prova de história da arte mas
sua menina menor tem febre e chama você. A mão dela na sua mão é um peixe sem
sol em irradiações noturnas. Quentes ondas. Seu marido se aproxima os pés
calçados de meias nos chinelos folgados. Ele olha as horas nos dois relógios de
pulso. Ele acusa você de ter ficado fora de casa o dia todo até tarde da noite
enquanto a menina ardia em febre. Ponto e ponta. Dor perfume crescente...
CUNHA,
H. P. As doze cores do vermelho.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2009.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2009.
A literatura brasileira contemporânea tem abordado,
sob diferentes perspectivas, questões relacionadas ao universo feminino. No
fragmento, entre os recursos expressivos utilizados na construção da narrativa,
destaca-se a
a) repetição de “você”, que se refere ao
interlocutor da personagem.
b) ausência de vírgulas, que marca o discurso
irritado da personagem.
c) descrição minuciosa do espaço do trabalho,
que se opõe ao da casa.
d) autoironia, que ameniza o sentimento de
opressão da personagem.
e) ausência de metáforas, que é responsável
pela objetividade do texto.
2- a
3- b
4- a
5- b